segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

















Continuo procurando imagens. Sou um colecionador 
de imagens apagadas, de imagens deterioradas. Desde 
que fui desaparecendo, partes de mim se iam de rajadas 
de vento. De sonho em sonho uma pequena lembrança 
se espalhava como álcool numa fotografia. Nunca 
alcanço vê-la inteira e com isso me deleito. Parecem 
os tijolos maciços visto através de reboco gasto da fachada 
de uma casa; mas não quero ir muito longe porque aqui 
onde estou, parado, desaparecendo, tua imagem pode 
me encontrar. Tu, que te fragmentas em pequenos enigmas, 
és uma imagem valiosa... Enquanto vou me desfazendo 
em vento, de vento me faço. O espaço que ocupo é cada 
vez menor. Ainda desocupo todo o espaço até suprimir, 
e sem o espaço estarei dentro de ti, de teus pequenos 
fragmentos, como uma imagem apagada. E antes de 
deixar de ser por completo, meu último pensamento: 
daí nunca mais sair.

Um comentário: